Férias chegaram ao fim. Chega de vida boa, hora de voltar para as alegrias e tristezas do dia a dia.O melhor de tudo, neste encontro com o meu “eu rotineiro”, é reencontrar os meus pekes.
Muitas perguntas vêm à cabeça:
· Será que ficaram bem?
· Será que ficaram bem de mais e terão dificuldades para se adaptarem a vida de Curitiba?
Confesso que foi bom passar uns dias sem os pekes. Acabam sendo um vício, que às vezes, é bom ficar em abstinência. Férias servem para esquecer das responsabilidades. E isto, confesso, que fiz com maestria.
Chegando em Irati fui direto para ver os pekes, estava ansioso para ver qual seria a reação dos dois. Quando estacionei o carro eles vieram correndo fazendo a maior festa. Dava pra ver que eles estavam, apesar de muito sujos, felizes com o meu retorno.
Tiveram literalmente férias.
· Nada de escovação diária, horários de passeio, barulho de centro de Curitiba.
· Comeram comida caseira.
· Bebiam no olho d’água.
· Ficavam soltos em um enorme terreno onde poderiam correr o dia todo e o único barulho que tinham eram dos passarinhos do Gabriel e a língua afiada das vizinhas.
Segundo a Adriana eles passavam o dia brincando com o Basset e só dormiram a noite. Bem diferente da vida sedentária de Curitiba.
Hum?!?!
Ouvi de toda a parentada que os pequineses haviam encontrado o céu. Sentia claramente que este céu fazia uma contradição clara ao inferno. E não precisa ser nem um gênio para saber onde era o inferno.
Enfim, todo mundo estava falando que eles teriam dificuldade para adaptarem-se com a vida de Pequinês Curitibano. Estavam me transformando em um dono cruel de cachorros trancados em apartamento. Por uns instantes comecei a acreditar que eu era o que eles retrataram.
Mas... Por apenas uns poucos instantes.
Acordei e pensei:
Conheço bem esta história de cidades do interior de reduzir as pessoas a fatos e termos através de uma verdade fictícia. Verdade esta construída sobre muros da vizinhança e rodas de chimarrão. Uma verdade que tornasse absoluta e indissolúvel.
Acredito que se eu fosse uma das pessoas que estivessem criando esta verdade absoluta sobre o dono dos pequineses exóticos teria caprichado mais.
Seria mais ou menos assim.
Coitados dos dois pequineses que vivem com o Mauricio. Pois eles ficam trancados no banheiro e são apenas libertados aos finais de semana. Pois nos outros dias ele se dedica em dias alternados ao leão que cria na sala, a cobra da cozinha e ao tigre albino que habita seu quarto. Tigre este que impede que os micos leões dourados saiam do guarda roupas.
E seria verdade...
Parece resumo de fim de analise este ultimo pensamento acerca das verdades absolutas do interior. Talvez seja. Mas, graças a Deus, voltei para Curitiba.
Então se a moda é criar verdades, criei a minha:
Acredito que os pekes adoraram as férias no interior, onde puderam conhecer os parentes do pai e os respectivos animais de estimação. Adoraram a estadia. Querem voltar em outras ocasiões, mas estão felizes com a volta para seu apartamento onde reina o conforto e o silêncio. Voltar a passear pelas praças agitadas da capital e frequentar o Pequinês Social Club.
Pensamento do dia:
De ilusão também se vive... E vive- se muito bem...
Saindo das verdades e mentiras volto aos fatos...
Infelizmente esqueci de avisar para a Adriana para não dar comida antes da viagem. Ramon acabou vomitando na volta para casa.
Assim que cheguei levei os dois porquinhos para um bom banho, pois o cheiro estava forte. Deixo claro que falei para Adriana não dar banho, pois fiquei com medo que ela não secasse direito os dois. Dono de pequinês sabe do que estou falando.
Brincadeiras a parte notei que ambos foram muito bem tratados, fizeram o melhor por eles. Na despedida chegaram a chorar pelos cachorros. Mas não foi por isso que eu deixaria de escrever o que penso. Se alguém da família ler me de uma licença poética. Amo vocês apesar dos muros da vida.
Mas... Segundo a veterinária eles estavam tão sujos que a água saia marrom. Ela até perguntou se eles estavam de férias no interior ou em um sítio.
Notei que Ramon voltou mais amadurecido. Sinto que está mais seguro, anda com a cabeça e o rabo empinados. Cada vez mais parecido com o Dodi, agora começou a atender os chamados apenas quando interessa.
Será que isto é maturidade ou eu preciso ser mais firme com os dois?
Seus pekes sempre obedecem quando vocês o chamam?